sábado, 28 de agosto de 2010

Milhas e milhas distante do meu amor



















Mudança à vista, excesso de responsabilidades pra cumprir e tudo que o coração não pede é um amor. A pessoa pensa “Posso sair sem compromisso se surgir alguém interessante, mas envolvimento não cabe na minha vida neste momento”. E é aí que Murphy resolve colocar aquela pessoa na sua vida.


No começo parece só mais uma pessoa interessante, olhares se cruzam, contatos são trocados e a idéia é de aproveitar os últimos momentos se divertindo. Encontram-se mais uma vez, descobrem afinidades, o beijo é bom, e surge a vontade de ver de novo. Por que não? São os últimos momentos antes da mudança, melhor mesmo aproveitar bem e em boa companhia.

Surge um convite pra uma viagem aqui, um passeio ali, as afinidades aparecem cada vez mais e na ânsia de “aproveitar os últimos momentos” os encontros são freqüentes. Até que no meio de uma brincadeira, entre os risos, vem um pedido inocente que dá um banho de realidade nos dois: “Que tal ir se despedir de mim no aeroporto?”

A primeira reação pode assustar. “Não quero mais te ver. Vai dificultar tudo”. Depois vem a esperança. “A gente pode combinar de se encontrar”. Depois vem o medo. “E se até lá um dos dois estiver comprometido?”. Aí vem o bom senso. “Com o tempo cada um volta pra sua vida e acabam ficando só as boas lembranças”. E finalmente vem a resposta: “Não vou te levar ao aeroporto. Prefiro que o último encontro não tenha gosto de despedida”.

Dias depois, no aeroporto os dois se beijam com a convicção de que o tempo vai apagar aquela sensação horrível e que em breve só restarão as boas lembranças, as fotos, as músicas. No começo tem uma troca intensa de sms. Falam-se todo dia por msn. Fingem que a vida está normal. Até tentam sair com outras pessoas, mas aí vem o problema:

A DISTÂNCIA FAZ AS PESSOAS FICAREM PERFEITAS.



Ninguém mais se lembra dos defeitos. Aliás, no pouco tempo que estiveram juntos, ninguém chegou a conhecer de perto os defeitos. Até as pequenas brigas são lembradas com o glamour de um filme. As lembranças ficam cada dia mais vivas e o coração dói ao invés de se acalmar. Vem a curiosidade: Será que já existe outra pessoa? Fica a curiosidade: o medo de saber cala todas as perguntas.

Relacionamentos à distância existem por todos os lados. Alguns funcionam, outros não. Telefone e internet ajudam a diminuir a distância. Aliás, a distância é relativa. Tem casais que podem se ver todos os finais de semana e mesmo assim consideram que seu relacionamento é à distância. Tem outros que ficam meses sem se ver, afinal um encontro demanda tempo e dinheiro. Se um relacionamento deste tipo funciona ou não, depende muito das circunstâncias envolvidas, do tamanho do amor, da maturidade do casal e muitos outros fatores. Longe de mim querer dar aqui uma receita pra isso.

Posso falar com conhecimento de causa é do amor à distância. De como o coração dispara quando pode conversar com a pessoa na internet. Da saudade que aperta quando vê o objeto do amor pela câmera. De quando recebe fotos novas e fica pensando como seria estar vivendo aquele momento com a pessoa.

Sei como é fazer as coisas do dia a dia pensando como seria fazê-las ao lado daquela pessoa. Fazer um passeio e mandar um sms ou ligar pra dizer que queria que ela estivesse ali junto. Ouvir uma música e lembrar com carinho. Mandar a música sabendo que vai arrancar um sorriso da pessoa. Telefonar e ouvir a outra voz gaguejando quando reconhece a sua.

Conheço bem a sensação de lágrimas molhando o travesseiro, de solidão quando se sabe que a pessoa que se quer ao lado também queria estar ali. A frustração de saber que teve tanto tempo com gente que não valia a pena, e ter sido privada justamente daquela pessoa tão rápido. A tristeza de ver planos sendo desfeitos pelas circunstâncias, um a um.

Sei a sensação de alguém de longe dizer que naquele momento era você quem ele queria do lado. Lembrar juntos os momentos bons, ter saudades de quem tem saudades da gente. Saber que tem uma pasta com seu nome no computador dele, onde estão suas fotos e as músicas que ouviam juntos.

Um amor deste, milhas e milhas distante, dói muito. Mas ainda é bem melhor que nunca ter amado alguém de verdade. Ainda mais quando o destino resolve dar uma mãozinha e proporcionar a chance do reencontro, seja pra continuar a história, ou pelo menos pôr um ponto final pra que se possa seguir em frente.

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